terça-feira, 13 de julho de 2010

Pergunte ao pó...

Arturo Bandini tem pressa. Mas na sua pressa, ele espera, somente. Espera que os dias profundos, os dias tristes evaporem junto com a neve, derretida pelo sol que virá, que ele sabe que virá. Bandini espera que a primavera chegue logo. E o liberte dos dias enregelados, da estufa a ser ligada todos os dias, e dos casacos puídos que o envergonham no colégio. Quer principalmente que o sol derreta o campo de beisebol para que ele possa voltar a aspirar ao sonho de jogador. Bandini espera por mais do que um sorriso de escárnio de Rosa.

Mas Bandini espera mais. Espera também ir além do conto O Cachorrinho riu. Espera diariamente por uma carta de J. C. Hackmuth, que lhe traga a notícia de mais um texto seu publicado. Espera não ter que depender do dinheiro enviado por sua mãe. Espera se comportar de maneira diferente com Camilla Lopez, além do desprezo por seus odiosos huaraches. Bandini espera no quarto do Alta Loma Hotel. Com laranjas embaixo da cama.

Dois Bandinis se revelam e se completam ao cabo de Espere a Primavera, Bandini e Pergunte ao Pó, clássicos maiores e os dois primeiros livros de John Fante. Embora o primeiro retrate a vida de Bandini aos quatorze anos de idade - no inverno rigoroso do Colorado, ainda um garoto em meios aos seus dois irmãos menores, uma mãe extremamente religiosa e um pai pedreiro -, portanto, dando o prólogo ao que viria a ser o Arturo Bandini escritor e homem, morando sozinho em Los Angeles, perdido na agonia da literatura e na relação de amor e ódio com Camilla, descubro que a ordem em que se fizer suas leituras não importa muito.

Comecei por Pergunte ao Pó, encontrando este Bandini perdido pelas ruas de Bunker Hill, entre os tostões divididos no aluguel de quarto, comida e em suas perambulações constantes pelo Columbia Buffet. O Bandini de origem italiana, cheio de orgulho por sua condição, imodesto a se vangloriar pelo seu primeiro conto publicado em revista. “O Cachorrinho riu” é o cartão de visitas de Arturo. É o que faz ser escritor, é o que lhe dá certeza da sua condição, orgulho em sua superioridade de escritor. E o que lhe leva a esperar, até que brote novamente o inebriante momento em que as palavras parecem escorrer por seus dedos:

“Tentei e a coisa andou com facilidade. Mas eu não estava pensando, não havia cogitação. A coisa simplesmente se movia sozinha, esguichava como sangue. era isto. Finalmente eu conseguira. Lá vou eu, deixem eu me soltar, oh, como adoro isto, ó, Deus, eu o amo tanto, você e Camilla e você e você. Aqui vou eu e é tão bom, tão doce, quente e macio, delicioso e delirante. Subindo o rio e sobre o mar, isto é você e isto sou eu, grandes palavras gordas, pequenas palavras gordas, grandes palavras magras, uii uii uii.

Uma coisa ofegante, frenética, interminável, vai ser algo bem grande. Continuando e continuando, martelei durante horas até que gradualmente me pegou na carne, tomou conta de mim, assombrou meus ossos, escorreu de mim, enfraqueceu-me, cegou-me. Camilla! Eu tinha de possuir aquela Camilla! Levantei-me e saí do hotel e desci Bunker Hill até o Columbia Buffet.”

Na nova edição da José Olympio Editora, o trecho acima se encontra na página 132. Quando o li, tive a certeza, que era o momento que, para mim, de maneira mais sublime, resumia todo o sentido do incensado Pergunte ao Pó.

Idolatrado por Charles Bukowski e pelos beatniks, é em Pergunte ao Pó que a saga do então escritor Bandini se desenvolve na sua intensidade e, se lido antes de Espere a primavera, Bandini, traz à tona uma série de indagações sobre aquele perdido em Los Angeles. Por que Bandini é um perdido. Um solitário que cai de pára-quedas na cidade grande, e John Fante o oferece para nós como em um instantâneo: uma trajetória da sua vida, arrancada e contada. Arturo é um anti-herói em comiseração por achar que em seus poucos anos de vida, viveu pouco para ter o que contar. Arturo Bandini tem apenas vinte anos de idade, uma vontade intermitente de ser reconhecido como escritor e o submundo de Los Angeles à disposição como laboratório. É um amargo que humilha a mexicana Camilla Lopez desde o primeiro encontro (e se apaixona por ela!), caindo em doçura em outros momentos, querendo tê-la com a maior intensidade possível. Levanta muitas considerações sobre sua forma de agir, seu modus operandi para a vida. É um tanto complicado de se compreender Arturo. No entanto, apesar da não estampada simpatia, também é difícil de não se encantar com ele, em sua solidão pelas noites de Los Angeles.

A prosa de John Fante (1909-1983) tem uma leveza que seduz desde as primeiras linhas. Lidando com um personagem que teria tudo para dividir a mesma amargura de um Holden Caufield, Arturo Bandini vive em uma oscilação constante entre a graça e a dor. Este clássico de Fante finalmente ganhou nova e caprichada reedição. Lançado pela José Olympio Editora, Pergunte ao Pó [206 págs.] é uma boa chance aos não freqüentadores de sebos de adentrar no universo deste escritor tão aclamado. É um clássico cult da literatura underground norte-americana das décadas de 30 e 40 que volta, trazendo novamente frescor à obra de Fante.

Basicamente uma trama linear, o texto oculta ricas passagens digressivas e se amarra de maneira sutil ao seu predecessor, Espera a Primavera, Bandini, apresentando flashes da vida íntima do personagem (sua relação com a mãe, por exemplo). Toda a atordoante forma de ser de Arturo é magicamente explicada com a leitura deste. Relançado meses depois de Pergunte ao Pó, pela mesma José Olympio Editora, este foi o motivo para minha leitura fora da ordem em que foram escritos. A alteração, no entanto, se mostrou um delicioso exercício de correlações. O pequeno e amargo Arturo se revelará o escritor angustiado anos mais tarde. A linha narrativa, de extrema oralidade que permeia ambos os textos é o que dá margem ao já conhecido vocabulário “bukowskiano” característico deste tipo de literatura, chamada beatnik (movimento onde há uma busca pelo rompimento com a convencionalidade temática e estilística da literatura tida como cânone, acadêmica; produção literária emergente das ruas, dos becos, da decadência até então refutada pela “alta cultura”).

Espera a Primavera, Bandini, Pergunte ao pó e, além, Sonhos de Bunker Hill têm o mesmo protagonista: Arturo Bandini, Arturo, pode-se dizer, é John. Como seu personagem Bandini, John Fante trocou o friorento estado do Colorado pela ensolarada Califórnia. Como Bandini, Fante também se perdeu por Los Angeles.

Uma das passagens mais tocantes de Espere a Primavera, Bandini se dá no capítulo cinco, logo depois que Arturo [o alter ego de Fante] e seu irmão August, vêem seu pai, Svev, que tinha sumido de casa a alguns dias, acompanhado de Effie Hildgarde, uma das mulheres mais ricas e bonitas da cidade. Na tentativa de dissuadir seu irmão mais novo a não contar para a mãe o que viram, Arturo se debate em tentativas que vão desde a ameaça de castigo físico, que, uma vez consumada, não dissolve a resolução de August. Desesperado com a mágoa que tal revelação pode causar a sua mamma, Arturo implora solene e desesperadamente para que August não conte nada a ela. August, no entanto, resoluto - é um guri extremamente religioso e pretensamente reto, constantemente se inquirindo dos pecados que diferentes situações apresentam e se são veniais ou mortais -, se mostra inflexivo na sua decisão.

Com a pouca raiva que consegue trazer à tona, já que está mais triste pelo sentimento que August trará à mãe ao contar, Arturo, por fim, soqueia seu irmão, sem, no entanto, dissuadi-lo da idéia. Este, pelo contrário, cada vez mais resoluto em mostrar-se reto, ri, zombeteiro, dizendo ao outro que pode continuar a bater nele, que nada o impedirá de contar à mãe. A cena se estende por algumas boas páginas, e é de uma riqueza descritiva tal, que as imagens se desenham à sua frente conforme a leitura vai avançando. Ainda que no estado americano do Colorado, em um inverno rigoroso, em um embate que se dá em meio ao frio da neve, é como se estivéssemos em algum ponto daquele caminho, observando a luta que se dá entre os dois.

Mesmo depois de ter soqueado o irmão, em uma atitude que se dá por desespero, sugando uma raiva inexistente - ele mesmo confessa que, em alguns momentos, surrar seu irmão se mostra divertido, mas naquele momento não queria fazê-lo -, Arturo, vendo o sangue que se esvai de seu nariz pela pancada, nada mais consegue do que um sorriso desafiador de August.

Espere a Primavera, Bandini é muito rico e generoso em cada uma das cenas descritas. O autor narra com forte gosto por imagens que desde as primeiras linhas nos trazem claramente o universo dos Bandini. Tanto o exterior, com sua pobre casa e seus móveis e utensílios que também parecem dialogar com o leitor, ter vida própria, quanto a alma de cada personagem, que se desenha com uma perspicácia absoluta. Os dilemas do menino Arturo, sua relação dúbia com a mãe e o ódio e admiração pelo pai, todo o sofrimento da discriminação por sua condição ítalo-americana, católica, sua pobreza que grita e o envergonha por suas vestimentas puídas, os sonhos com a menina Rosa... - tudo é tão claro e de uma riqueza tal, que além de Pergunte ao Pó, que, dizem, virará filme em 2005, este livro daria uma linda e tocante obra cinematográfica.

Charles Bukowski é quem resume de maneira muito precisa o significado da prosa de Fante. Recordando-se de quando o livro caiu em suas mãos, numa biblioteca pública, ele escreveu: ‘‘Aqui, finalmente, estava um homem que não tinha medo da emoção. O humor e a dor entrelaçados a uma soberba simplicidade. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme para mim.’’

Livros relacionados com o artigo: Os dias de espera de Bandini

• O Caminho de Los Angeles - JOHN FANTE
• Pergunte ao Pó - JOHN FANTE
• Espere a Primavera, Bandini - JOHN FANTE
• Sonhos de Bunker Hill - JOHN FANTE

Quem é John Fante?
Escritor ítalo-estadunidense, John Fante (1909-1983) nasceu no Colorado. Seus livros retratam a difícil vida dos imigrantes italianos nos EUA, o preconceito, pobreza e o sonho do eldorado americano. Fante se mudou para a Califórnia quando terminou a faculdade. Em Los Angeles se tornou roterista, colunista de revistas e escritor. Em 1938, Fante lançou "Espere a Primavera, Bandini" sobra a infância de Arturo Bandini, seu alter-ego. No ano seguinte foi publicado "Pergunte ao pó", seu romance mais popular. Com o diabetes Fante perdeu a visão progressivamente. "Sonhos de Bunker Hill" foi ditado para a sua mulher. A obra de Fante influenciou muitos escritores, entre eles Charles Bukowski.

O cobertor

Não ando dormindo bem ultimamente; mas é sobre isso, exatamente, que pretendo falar. É quando parece que vou pegar no sono que acontece. Eu disse “parece que vou pegar no sono” porque não passa disso. De uns tempos pra cá, tenho cada vez mais a impressão, a sensação, de que estou dormindo e, no entanto, no meu sonho eu sonho com meu quarto, que estou dormindo e que tudo está no mesmo lugar onde deixei quando fui pra cama. O jornal caído no chão, a garrafa de cerveja vazia em cima da cômoda, meu único peixinho dourado circulando devagar no fundo do aquário, todas essas coisas tão íntimas que parecem que já fazem parte de mim como o meu cabelo. E muitas vezes, quando NÃO estou dormindo, deitado na cama, olhando pras paredes, cochilando, esperando pra dormir, é freqüente me perguntar: ainda estou acordado ou já peguei no sono e sonho com meu quarto?

Tem acontecido muita coisa ruim ultimamente. Mortes; cavalos correndo mal; dor de dente; hemorragias, sem falar noutras coisas que não convém mencionar. Volta e meia me vem a sensação de que, ora, pior é que não pode ficar. E aí eu penso, bem, pelo menos você tem onde morar. Não anda aí pela rua. Houve tempo em que não me importava com isso. Hoje acharia insuportável. São poucas as coisas que ainda acho suportáveis. Já fui alfinetado, lancetado, é, inclusive bombardeado… com tanta frequência que simplesmente não agüento mais; não conseguiria enfrentar outro fogo cerrado.

Mas vamos ao que interessa. Quando pego no sono e sonho, não sei se estou no meu quarto ou se torno a acordar e tudo está acontecendo mesmo, só sei que começam ocorrer coisas estranhas. Noto que a porta do armário se abriu de leve e tenho certeza que momentos antes estava fechada. Aí percebo também que a fresta na porta do armário está em linha reta com o ventilador (fazia muito calor e deixei ele no chão) e que essa linha reta termina na minha cabeça. Fico de repente com raiva e me afasto do travesseiro. Eu disse “com raiva” porque sempre solto algum palavrão contra “aqueles” ou “aquilo” que quer me eliminar. Agora tenho impressão que estou ouvindo você dizer “Este cara é louco”, e de fato, é bem possível que seja. Mas, não sei porque, acho que não é bem o caso. Embora constitua um ponto muito fraco a meu favor, se é que chega a constituir. Quando ando no meio de outras pessoas, não me sinto bem, O que elas falam e o entusiasmo que demonstram nada têm a ver comigo. O mais curioso é que justamente quando estou na companhia delas que me sinto mais forte. Me vem a idéia seguinte: se podem existir só com esses fragmentos de coisas, então eu também posso. Mas é quando estou sozinho e todas as comparações se reduzem a mim mesmo contra as paredes, contra a minha própria respiração, contra a história, contra o meu fim, que começam a ocorrer coisas estranhas. Sou evidentemente um sujeito fraco. Experimentei ler a bíblia, os filósofos, os poetas, mas pra mim, de certo modo, erraram de alvo. Ficam falando de uma coisa completamente diversa. Por isso há muito tempo desisti de ler. Encontro um pouco de conforto na bebida, no jogo e no sexo, e dessa forma me assemelho bastante a qualquer membro da comunidade, da cidade e do país; a única diferença é que não tenho o menor interesse em “vencer”, constituir família, ter casa própria, um emprego respeitável etc. e tal. Portanto, lá estava eu: sem ter nada de intelectual, de artista; nem tampouco as raízes redentoras do homem comum. Me sentindo dependurado com uma espécie de rótulo indeferido e muito receio, sim, que isso marcasse o início da loucura.

E como vou julga! enfio o dedo no cu e coço. Tenho hemorróidas, aos montes. É melhor que uma relação sexual. Fico coçando até tirar sangue, até que a dor me obriga a parar. Os macacos, os gorilas, fazem o mesmo. Nunca viram eles nos zoológicos, com o rabo vermelho de tanto sangrar?

Mas deixa eu ir adiante. Embora você preferir que eu fale de excentricidades, podia descrever o crime. Esses Sonhos com o Quarto, como se poderiam chamá-los, começaram há alguns anos. Um dos primeiros foi em Filadélfia. Naquele tempo eu já não trabalhava muito também e talvez andasse inquieto por causa do aluguel. Não bebia mais que um pouco de vinho e cerveja e ainda não tinha começado a me dedicar, com força total, ao sexo e à jogatina. Apesar de estar morando na época com uma senhora que ganhava a vida girando a bolsinha na rua, me pareciam muito esquisito que ela quisesse ainda mais sexo ou “amor”, como dizia, quando chegava a minha vez, depois de ceder seus favores a 2, 3 ou mais homens no mesmo dia e noite, e embora eu fosse um sujeito tão viajado e tão encanado como qualquer Paladino das Ruas, tinha qualquer coisa com aquele negócio de meter ali dentro depois de tudo AQUILO… que não combinava comigo e me deixava aporrinhado. “Queridinho”, dizia ela, “você precisa entender que eu TE AMO. Com os outros não significa nada. É que você não conhece as mulheres. A gente pode dar pra um sujeito e deixar ele pensando que se tá participando da coisa, mas não tá nada. Com você é diferente, eu participo.” Todo esse papo não adiantava grande coisa. Só apertava ainda mais as paredes. E uma noite, não sei se estava dormindo ou não, mas de repente acordei (ou sonhei que acordei), olhei ao redor, e deparei com todos aqueles homenzinhos, uns 30 ou 40, amarrando nós dois na cama com uma espécie de arame prateado, e davam voltas e mais voltar, por baixo, por cima, por tudo quanto era lado. A tal senhora deve ter se dado conta do meu nervosismo. Vi que estava de olhos abertos, olhando pra mim.

- Fica quieta! – pedi – Não te mexe! Tão querendo nos eletrocutar!

- QUEM TÁ QUERENDO?

- Puta merda, eu pedi pra você ficar QUIETA! Fica parada agora!

Deixei que continuassem mais um pouco com aquilo, fingindo que dormia. De repente, com toda a força, ergui o corpo, rebentando o arame e surpreendendo os homenzinhos. Dei um soco num deles, mas não acertei. Não sei aonde foram parar, mas me livrei deles

- Acabo de salvar a vida da gente – disse pra tal senhora.

- Me beije, velhinho – retrucou.

Seja lá como for, retomemos a situação atual. Ando me levantando de manhã com o corpo todo marcado por vergões. Manchas roxas, Tem um determinado cobertor que venho observando há dias. Acho que me cobre sozinho enquanto durmo. Acordo e, às vezes, está aqui em cima na garganta, mal me deixando respirar. É sempre o mesmo. Mas até agora fingi que não notava. Abro uma cerveja, aliso bem o Programa de Corridas com o polegar, olho pela janela pra ver se está chovendo e procuro. Ando cansado. Não quero ficar imaginando nem inventando coisas.

E, no entanto, essa noite o cobertor voltou a me incomodar. Se mexe feito cobra. Assume várias formas. Não é capaz de permanecer estendido, cobrindo toda a cama, Na noite seguinte foi a mesma coisa. Atiro pra longe com o pé e cai junto do sofá. Aí vejo que anda. Com a maior rapidez, percebo que o cobertor se desloca no momento em que viro a cabeça pra outro lado. Levanto, acendo a luz, pego o jornal pra ler, leio tudo, até o que não me interessa, as notícias da bolsa de calores, os últimos modelos da moda, como cozinhar uma pomba, como se livrar do capim no jardim; cartas à redação, colunas políticas, anúncios de emprego, obituários, etc. Durante todo esse tempo o cobertos não se mexe e tomo 3 ou 4 garrafas de cerveja, talvez até mais, e aí então o dia já começa a raiar e depois fica mais fácil dormir.

Uma noite destas aconteceu. Ou começou de tarde. Tendo dormido pouquíssimo na véspera, me deite lá pelas 4 da tarde e quando acordei ou sonhei, outra vez, com o meu quarto, vi que estava tudo escuro e o cobertor aqui em cima na garganta, resolvido que desta vez era pra VALER! Nada de dissimulações! Queria o meu couro, e usava de força, ou então parecia que eu é que me sentia fraco, como se fosse num sonho, e precisei recorrer a todas as minhas forças pra impedir que finalmente me cortasse a respiração. Mas estava ali parado, enrolado em mim, de vez em quando desferindo rápidas estocadas, procurando me pegar desprevenido. Eu sentia o suor escorrendo da testa. Quem acreditaria numa coisa destas? Como era possível, porra? um cobertor ganhando vida e tentando me matar? Tudo é inverossímil enquanto não acontece pela PRIMEIRA vez – que nem a bomba atômica, os russo lançando um cosmonauta no espaço ou Deus descendo à terra e depois sendo pregado na cruz por aqueles que Ele mesmo criou. Quem há de acreditar em coisas que ainda estão por vir? No último pavio de vela? Nos 8 ou 10 homens e mulheres em alguma espaçonave, a Nova Arca, rumo a outro planeta pra plantar a exaurida semente da humanidade e recomeçar tudo de novo? E onde estava o homem ou a mulher que iria acreditar que esse cobertor queria me estrangular? Ninguém cairia nessa, por nada deste mundo! O que, não sei por que, só agravava a situação. Embora tivesse o maior desinteresse pela opinião das massas a meu respeito, queria, não sei por que, que ficasse sabendo do cobertos. Esquisito, não é? Por que seria isso? E o mais estranho é que eu, apesar de já ter várias vezes pensado em me matar, agora que o cobertor queria me ajudar, oferecia a maior resistência.

Por fim, arranquei aquele troço de cima de mim, joguei no chão e acendi a luz. Agora ia acabar com aquilo! LUZ, LUZ, LUZ!

Mas qual. Quando vi, estava se retorcendo ou andando uma ou duas polegadas, mesmo com o quarto todo iluminado. Sentei na cama e fiquei olhando com a maior atenção. Se mexeu de novo. Desta vez quase meio metro. Levantei e comecei a me vestir, me desviando dele pra achar os sapatos, as meias, etc. Depois que já estava todo arrumado, não sabia mais o que fazer. O cobertor agora estava imóvel. Quem sabe um passeio, pela ar noturno. Sim. Conversaria com os jornaleiros da esquina. Embora a perspectiva não fosse nada animadora. Todos os jornaleiros do bairro eram intelectuais: Liam G. B. Shaw, O Spengler e Hegel. E não eram propriamente jornaleiros: tinham 60, 80 e até 1.000 anos. Merda. Bati a porta com força e saí.

Aí, quando cheguei perto da escada, qualquer coisa me obrigou a virar e olhar pra trás. Você acertou: o cobertor vinha me seguindo pelo corredor afora, deslizando feito cobra, dobras e sombras na sua frente compondo a cabeça, a boa, os olhos. Devo confessar que, assim que a gente começa a se convencer de que um horror é um horror, no mesmo instante ele se torna MENOR. Por um instante cheguei a pensar que o meu cobertor era assim como um cachorro velho que não queria ficar sozinho sem mim, tinha que vir atrás. Mas de repente me lembrei que esse cão, esse cobertor, estava disposto a matar e então desci a escada correndo.

Sim, sim, ele veio no meu encalço! Andava tão depressa quanto queria, por aqueles degraus abaixo. Sem barulho. Determinado.

Eu morava no terceiro andar. Veio me seguindo. Até o segundo. Até o primeiro. A minha primeira idéia foi sair na disparada, mas lá fora estava muito escuro, um bairro silencioso e deserto, longe das grandes avenidas. A melhor solução seria me aproximar de algumas pessoas pra testar a realidade da situação. Precisava de PELO MENOS 2 votos pra me convencer de que era realidade. Os artistas que estiveram muito adiantados pra sua época já descobriram isso e as pessoas que sofrem de demência e de pretensas alucinações também passaram pela mesma experiência. Se a gente for a única criatura que enxerga uma visão, é sempre chamado de Santo ou de louco.

Bati na porta do apartamento 102. A mulher de Mick veio atender.

- Olá, Hank – disse, – entra.

Mick estava deitado. Todo inchado, as canelas com o dobro da grossura normal, a barriga maior que a de uma mulher grávida. Antigamente bebia feito doido e o fígado não agüentou mais. Estava com hidropisia. À espera de um leito vago no hospital dos Veteranos.

- Oi, Hank – disse, – trouxe cerveja?

- Ora, Mick – ralhou a mulher, – você sabe o que o doutor disse: nunca mais, nem mesmo cerveja.

- Pra que o cobertor, garotão? – me perguntou ele.

Olhei pra baixo. O cobertor tinha saltado pra cima do meu braço, pra entrar sem despertar atenção.

- Bom, é que tenho demais- respondi. – Me lembrei que você podia estar precisando.

E joguei aquele troço no sofá.

- Não trouxe cerveja?

- Não, Mick.

- De cerveja é que estou precisando.

- Mick – ralhou a mulher.

- Ué, pensa que é fácil parar de uma hora pra outra depois de tantos anos?

- Bom, uma, talvez – concedeu ela. – Vou buscar no mercado.

- Nada disso – protestei, – eu tenho lá na geladeira.

Levantei e me dirigi pra porta, de olho no cobertor. Nem se mexeu. Ficou ali sentado no sofá, olhando pra mim.

- Já volto – avisei, fechando a porta.

E pensei: estou achando que é só imaginação. Vai ver que levei o cobertor junto comigo e imaginei que estivesse me seguindo. Devia procurar mais as outras pessoas. Meu mundo é muito bitolado.

Subi a escada, coloquei 3 ou 4 garrafas de cerveja numa sacola de papel e voltei. Já estava no segundo andar quando ouvi um grito, um palavrão e depois um tiro. Desci correndo o resto dos degraus e entrei no 102. Encontrei Mick em pé, todo inchado, segurando uma Magnum calibre 32, da qual saía um fio de fumaça. O cobertor continuava no sofá, tal como eu tinha deixado.

- Mick, você tá doido! – dizia a mulher.

- Exatamente – confirmou ele, – no minuto em que você foi pra cozinha, esse cobertor aí, juro por Deus, esse cobertor aí saltou pro lado da porta. Estava querendo girar a maçaneta, tentando sair, mas não conseguiu pegar direito. Depois que me recobrei do primeiro susto, saí da cama, fui na direção dele e quando cheguei perto ele saltou da maçaneta, se enrolou na minha garganta e quis me estrangular!

- O Mick anda doente – explicou ela, – tem tomando injeções. Anda vendo coisas. Antigamente, quando bebia, ele também via. Vai ficar bom quando for pro hospital.

- Puta que pariu! – gritou, parado ali em pé e todo inchado naquela camisola, – tô dizendo que esse troço aí tentou me matar e por sorte a velha Magnum tava carregada, corri pro armário, peguei a arma e quando aquilo me atacou de novo, dei um tiro. Saiu rastejando, voltou pro sofá e tá ali, oh. Você pode ver o furo por onde a bala passou. Isso não tem nada de imaginação!

Ouviu-se uma batida na porta. Era o administrador.

- Tá havendo barulho demais aqui – disse. – Não pode ter televisão nem rádio ligado depois das 10 horas, nem muita algazarra.

E aí foi-se embora.

Cheguei perto do cobertor. Claro que tinha um buraco de bala. Parecia totalmente imóvel. Qual será o ponto vulnerável de um cobertor vivo?

- Porra, vamos tomar cerveja – propôs Mick. – Pouco me importa se morro ou não.

A mulher abriu 3 garrafas e Mick e eu acendemos dois Pall Mall.

- Olha, garotão – recomendou, – leva esse cobertor com você quando for embora.

- Não tô precisando, Mick – retruquei, – pode ficar pra você.

Tomou um gole bem grande de cerveja.

- Tira essa maldita porra daqui!

- Ué, ele tá MORTO, não tá? – perguntei.

- Como é que vou saber, merda?

- Tá querendo dizer que acredita nessa bobagem toda que ele contou, Hank? – perguntou a mulher.

- Acredito, sim, senhora.

Ela jogou a cabeça pra trás e deu uma gargalhada.

- Puxa vida, tô pra ver dois cretinos mais loucos. – E depois: – você também bebe, não é, Hank?

- Bebo, sim, senhora.

- Muito?

- Às vezes.

- Só sei que você tem que TIRAR essa porra de cobertor DAQUI!

Tomei um grande gole de cerveja. Pena que não fosse vodca.

- Tá legal, companheiro – concordei, – já que você não quer mesmo, eu levo.

Dobrei direitinho e pus no braço.

- Boa noite, pessoal.

- Boa noite, Hank, e obrigado pela cerveja.

Comecei a subir a escada. O cobertor continuava imóvel. Talvez a bala tivesse liquidado com ele. Entrei em casa e atirei em cima de uma poltrona. Depois sentei um pouco, pra olhar. Aí tive uma idéia.

Peguei uma panela e enchi de jornais. Depois fui buscar um facão. Coloquei a panela no chão, sentei na poltrona e pus o cobertor no colo, sempre de facão na mão. Mas não era fácil cortar o cobertor. Fiquei ali sentado , com o vento noturno da detestável cidade de Los Angeles me batendo na nuca, e vi que não era nada fácil cortar aquilo. Como é que ia saber? Talvez fosse alguma mulher que tivesse gostado de mim e que houvesse encontrado aquela maneira de voltar a me procurar. Pensei em 2. Depois me concentrei só numa. Aí levantei, fui à cozinha e abri a garrafa de vodca. O médico tinha dito que se eu insistisse em beber troço forte, morreria. Mas andava fazendo umas experiências. Uma dose do tamanho de um dedal uma noite. 2 no dia seguinte. Desta vez enchi o copo. Não era o fato de morrer que importava, e sim a tristeza, o espanto. Um punhado de gente que presta, chorando de noite. As únicas pessoas que interessam. Quem sabe o cobertor tinha sido essa mulher que agora queria me matar pra me levar pra junto dela ou procurava fazer amor feito cobertor e não sabia como… ou tentou matar Mick por ter atrapalhado quando ela quis abrir a porta pra sair atrás de mim? Maluquice? Claro. Mas o que é que não é? A Vida não é pura Loucura? Todos nós não somos bonecos que só falta dar corda… apenas uma voltas, a gente sai andando e de repente pára, pra sempre?… depois que se caminha pra lá e pra cá, fazendo planos, elegendo governadores, cortando gramados… Loucura, sem dúvida, mas o que é que NÃO É?

Bebi o copo de vodca de um gole só e acendi um cigarro. Aí peguei o cobertor pela última vez e ENTÃO CORTEI! Cortei, cortei e cortei aquele troço todo em pedacinhos, até que não deu mais pra cortar… botei tudo dentro da panela, depois coloquei perto da janela e liguei o ventilador pra levar a fumaça pra fora. E enquanto as chamas começavam a se formar, fui à cozinha e me servi de outro copo de vodca. Quando voltei, o fogo já estava alto, vermelho, forte, como qualquer bruxa velha de Boston, que nem Hiroshima, que nem um amor, qualquer tipo de amor, e não me senti bem, não me senti nada bem. Emborquei o segundo copo de vodca e não senti reação. Fui buscar outro na cozinha, levando junto o facão. Joguei ele na pia e tirei a tampa da garrafa. Olhei de novo pro facão dentro da pia. A lâmina estava manchada de sangue.

Verifiquei minhas mãos, procurando ver se havia algum corte. As mãos de Cristo eram muito bonitas. Olhei as minhas. Não tinha nenhum arranhão. Nem só um talho. Nem sequer cicatriz.

Senti as lágrimas escorrendo no rosto, arrastando-se feito coisas insensatas e pesadas, sem pernas. Estava louco. Devia estar realmente louco.

Extraído de ‘Fabulário Geral do Delírio Cotidiano’

You Show No Emotion at All

can we walk in hope
into another new year
just to cast away the ghosts
or to have the time again
you said hold on to dreams yeah
but i know you don’t try
because you’re innocent i know
that you won’t survive

i heard the phone ring
so late at night that i
i thought someone had died
someone had died
but your voice was full of hope
like it was on better days
on clear mornings
when the rain had left the sky

i can’t stand the thought of you alone
i can’t stand the thought of you alone

don’t try to get close to
us because there’s nothing
but our souls laid bare
will we survive?
i know we will

sábado, 10 de julho de 2010

10 Mitos sobre os Ateus

1) Ateus acreditam que a vida não tem sentido.

Pelo contrário: são os religiosos que se preocupam frequentemente com a falta de sentido na vida e imaginam que ela só pode ser redimida pela promessa da felicidade eterna além da vida. Ateus tendem a ser bastante seguros quanto ao valor da vida. A vida é imbuída de sentido ao ser vivida de modo real e completo. Nossas relações com aqueles que amamos têm sentido agora; não precisam durar para sempre para tê-lo. Ateus tendem a achar que este medo da insignificância é… bem… insignificante.


2) Ateus são responsáveis pelos maiores crimes da história da humanidade.

Pessoas de fé geralmente alegam que os crimes de Hitler, Stalin, Mao e Pol Pot foram produtos inevitáveis da descrença. O problema com o fascismo e o comunismo, entretanto, não é que eles eram críticos demais da religião; o problema é que eles era muito parecidos com religiões. Tais regimes eram dogmáticos ao extremo e geralmente originam cultos a personalidades que são indistinguíveis da adoração religiosa. Auschwitz, o gulag e os campos de extermínio não são exemplos do que acontece quando humanos rejeitam os dogmas religiosos; são exemplos de dogmas políticos, raciais e nacionalistas andando à solta. Não houve nenhuma sociedade na história humana que tenha sofrido porque seu povo ficou racional demais.


3) Ateus são dogmáticos.

Judeus, cristãos e muçulmanos afirmam que suas escrituras eram tão prescientes das necessidades humanas que só poderiam ter sido registradas sob orientação de uma divindade onisciente. Um ateu é simplesmente uma pessoa que considerou esta afirmação, leu os livros e descobriu que ela é ridícula. Não é preciso ter fé ou ser dogmático para rejeitar crenças religiosas infundadas. Como disse o historiador Stephen Henry Roberts (1901-71) uma vez: “Afirmo que ambos somos ateus. Apenas acredito num deus a menos que você. Quando você entender por que rejeita todos os outros deuses possíveis, entenderá por que rejeito o seu”.



“Evolução é a combinação de mutações aleatórias e da seleção natural”

4) Ateus acham que tudo no universo surgiu por acaso.

Ninguém sabe como ou por que o universo surgiu. Aliás, não está inteiramente claro se nós podemos falar coerentemente sobre o “começo” ou “criação” do universo, pois essas ideias invocam o conceito de tempo, e estamos falando sobre o surgimento do próprio espaço-tempo.

A noção de que os ateus acreditam que tudo tenha surgido por acaso é também usada como crítica à teoria da evolução darwiniana. Como Richard Dawkins explica em seu maravilhoso livro, “Deus, uma ilusão”, isto representa uma grande falta de entendimento da teoria evolutiva. Apesar de não sabermos precisamente como os processos químicos da Terra jovem originaram a biologia, sabemos que a diversidade e a complexidade que vemos no mundo vivo não é um produto do mero acaso. Evolução é a combinação de mutações aleatórias e da seleção natural. Darwin chegou ao termo “seleção natural” em analogia ao termo “seleção artificial” usadas por criadores de gado. Em ambos os casos, seleção demonstra um efeito altamente não-aleatório no desenvolvimento de quaisquer espécies.


5) Ateísmo não tem conexão com a ciência.

Apesar de ser possível ser um cientista e ainda acreditar em Deus — alguns cientistas parecem conseguir isto —, não há dúvida alguma de que um envolvimento com o pensamento científico tende a corroer, e não a sustentar, a fé. Tomando a população americana como exemplo: A maioria das pesquisas mostra que cerca de 90% do público geral acreditam em um Deus pessoal; entretanto, 93% dos membros da Academia Nacional de Ciências não acreditam. Isto sugere que há poucos modos de pensamento menos apropriados para a fé religiosa do que a ciência.


6) Ateus são arrogantes.

Quando os cientistas não sabem alguma coisa — como por que o universo veio a existir ou como a primeira molécula autorreplicante se formou —, eles admitem. Na ciência, fingir saber coisas que não se sabe é uma falha muito grave. Mas isso é o sangue vital da religião. Uma das ironias monumentais do discurso religioso pode ser encontrado com frequência em como as pessoas de fé se vangloriam sobre sua humildade, enquanto alegam saber de fatos sobre cosmologia, química e biologia que nenhum cientista conhece. Quando consideram questões sobre a natureza do cosmos, ateus tendem a buscar suas opiniões na ciência. Isso não é arrogância. É honestidade intelectual.



“Ateus são livres para admitir os limites do conhecimento humano”

7) Ateus são fechados para a experiência espiritual.

Nada impede um ateu de experimentar o amor, o êxtase, o arrebatamento e o temor; ateus podem valorizar estas experiências e buscá-las regularmente. O que os ateus não tendem a fazer são afirmações injustificadas (e injustificáveis) sobre a natureza da realidade com base em tais experiências. Não há dúvida de que alguns cristãos mudaram suas vidas para melhor ao ler a Bíblia e rezar para Jesus. O que isso prova? Que certas disciplinas de atenção e códigos de conduta podem ter um efeito profundo na mente humana. Tais experiências provam que Jesus é o único salvador da humanidade? Nem mesmo remotamente — porque hindus, budistas, muçulmanos e até mesmo ateus vivenciam experiências similares regularmente.

Não há, na verdade, um único cristão na Terra que possa estar certo de que Jesus sequer usava uma barba, muito menos de que ele nasceu de uma virgem ou ressuscitou dos mortos. Este não é o tipo de alegação que experiências espirituais possam provar.


8.) Ateus acreditam que não há nada além da vida e do conhecimento humano.

Ateus são livres para admitir os limites do conhecimento humano de uma maneira que nem os religiosos podem. É óbvio que nós não entendemos completamente o universo; mas é ainda mais óbvio que nem a Bíblia e nem o Corão demonstram o melhor conhecimento dele. Nós não sabemos se há vida complexa em algum outro lugar do cosmos, mas pode haver. E, se há, tais seres podem ter desenvolvido um conhecimento das leis naturais que vastamente excede o nosso. Ateus podem livremente imaginar tais possibilidades. Eles também podem admitir que se extraterrestres brilhantes existirem, o conteúdo da Bíblia e do Corão lhes será menos impressionante do que são para os humanos ateus.

Do ponto de vista ateu, as religiões do mundo banalizam completamente a real beleza e imensidão do universo. Não é preciso aceitar nada com base em provas insuficientes para fazer tal observação.


9) Ateus ignoram o fato de que as religiões são extremamente benéficas para a sociedade.

Aqueles que enfatizam os bons efeitos da religião nunca parecem perceber que tais efeitos falham em demonstrar a verdade de qualquer doutrina religiosa. É por isso que temos termos como “wishful thinking” e “auto-enganação”. Há uma profunda diferença entre uma ilusão consoladora e a verdade.

De qualquer maneira, os bons efeitos da religião podem ser certamente questionados. Na maioria das vezes, parece que as religiões dão péssimos motivos para se agir bem, quando temos bons motivos atualmente disponíveis. Pergunte a si mesmo: o que é mais moral? Ajudar os pobres por se preocupar com seus sofrimentos, ou ajudá-los porque acha que o criador do universo quer que você o faça e o recompensará por fazê-lo ou o punirá por não fazê-lo?



“Sem a crença de que isso nos tenha sido transmitido pelo criador do universo”

10) Ateísmo não fornece nenhuma base para a moralidade.

Se uma pessoa ainda não entendeu que a crueldade é errada, não descobrirá isso lendo a Bíblia ou o Corão — já que esses livros transbordam de celebrações da crueldade, tanto humana quanto divina. Não tiramos nossa moralidade da religião. Decidimos o que é bom recorrendo a intuições morais que são (até certo ponto) embutidas em nós e refinadas por milhares de anos de reflexão sobre as causas e possibilidades da felicidade humana.

Nós fizemos um progresso moral considerável ao longo dos anos, e não fizemos esse progresso lendo a Bíblia ou o Corão mais atentamente. Ambos os livros aceitam a prática de escravidão — e ainda assim seres humanos civilizados agora reconhecem que escravidão é uma abominação. Tudo que há de bom nas escrituras — como a regra de ouro, por exemplo — pode ser apreciado por seu valor ético, sem a crença de que isso nos tenha sido transmitido pelo criador do universo.

Eu li num livro

Eu li num livro...
Que amar nem sempre é sinônimo de dor,
que a gente deve acreditar no destino seja o que for
E que o sentido da vida é nada mais que o amor.
Eu li num livro
Estava escrito nas entrelinhas,
que um erro pode ser consertado
E que uma pessoa não deve ser julgada apenas pelo seu passado.
Eu li num livro
Que a esperança é a ultima que morre,
que o covarde é o primeiro que corre
E que um sonho as vezes é só um sonho,
estava escrito em cada linha
que as vezes a culpa não é sua nem minha,
que uma pessoa pode até viver sozinha
Mas sempre vai precisar de alguém, em seu coração.
Eu li num livro
As palavras que eu gostaria de ter escrito
Porque o que é belo nem sempre é bonito
E um sussurro dito aos ouvidos, poderá soar como um grito.
Estava escrito,
Que nenhum dia deve ser perdido, e nenhum momento arrependido
Porque a vida é passageira
Então: Eu te amo!
É o que tenho dito, pois aprendi com o que estava escrito,
E vou levar para a vida inteira:
Eu te amo!